quarta-feira, 26 de setembro de 2012

25/09/2012 - Prática de Ensino - PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Prezados,

Nesta postagem disponibilizamos os links para os livros "Educação e mudança" < http://www.slideshare.net/nfraga/paulo-freire-educao-e-mudana > e "Pedagogia da autonomia" < http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Pedagogia_da_Autonomia.pdf >, ambos de autoria do Paulo Freire.

Abaixo, postagem da parte 1 do capítulo 2 de "Pedagogia da autonomia", considerado em aula:

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2.1. Ensinar exige consciência do inacabamento

Como professor crítico, sou um "aventureiro" responsável, predisposto à mudança, à aceitação diferente. Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo, radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo é a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento.
Aqui chegamos a ponto de que talvez devêssemos ter partido. O do inacabamento de ser humano. Na verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente. A invenção da existência a partir dos materiais que a vida oferecia levou homens e mulheres a promover o suporte em que os outros animais continuam, em mundo. Seu mundo, mundo dos homens e das mulheres. A experiência humana no mundo muda de qualidade com relação à vida animal no suporte. O suporte é o espaço, restrito ou alongado, a que o animal se prende "afetivamente" tanto quanto para resistir, é o espaço necessário a seu crescimento e que delimita seu domínio. É o espaço em que, treinando, adestrado, "aprende" a sobreviver, a caçar, a atacar, a defender-se num tempo de dependência dos adultos imensamente menos do que é necessário ao ser humano para as mesmas coisas. Quanto mais cultural é o ser maior a sua infância, sua dependência de cuidados especais. Faltam ao "movimento" dos outros animais no suporte a linguagem conceitual, a inteligibilidade do próprio suporte de que resultaria inevitavelmente a comunicabilidade do inteligido, o espanto diante da vida mesma, do que há nela de mistério. No suporte, os comportamentos dos indivíduos têm sua explicação muito mais na espécie a que pertencem os indivíduos do que neles mesmos. Falta-lhes liberdade de opção. Por isso, não se fala em ética entre os elefantes.
A vida no suporte não implica a linguagem nem a postura ereta que permitiu a liberação das mãos. Mãos que, em grande medida, nos fizeram. Quanto maior se foi tornando a solidariedade entre mentes e mãos, tanto mais o suporte foi virando mundo e a vida, existência. O suporte veio fazendo-se mundo e a vida, existência, na proporção que o corpo humano vira corpo consciente, captador, apreendedor, transformador, criador de beleza e não "espaço" vazio a ser enchido por conteúdos.
A invenção da existência envolve, repita-se, necessariamente, a linguagem, a cultura, a comunicação em níveis mais profundos e complexos do que o que ocorria e ocorre no domínio da vida, a "espiritualização" do mundo, a possibilidade de embelezar como enfear o mundo e tudo isso inscreveria mulheres e homens como seres éticos. Capazes de intervir no mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, de romper, de escolher, capazes de grandes ações, de dignificantes testemunhos, mas capazes também de impensáveis exemplos de baixeza e de indignidade. Só os seres que se tornam éticos podem romper com a ética. Não se sabe de tigres africanos que tenham jogado bombas altamente destruidoras em "cidades" de tigres asiáticos.
No momento em que os seres humanos, intervindo no suporte, foram criando o mundo, inventando a linguagem, com que passaram a dar nome às coisas que faziam com a ação sobre o mundo, na medida em que se foram habilitando a inteligir o mundo e criaram por conseqüência a necessária comunicabilidade do inteligido, já não foi possível existir a não ser disponível à tensão radical e profunda entre o bem e o mal, entre a dignidade e indignidade, decência e o despudor, entre boniteza e a feiúra do mundo. Quem dizer, já não foi possível existir sem assumir o direito e o dever de optar, de decidir, de lutar, de fazer política. E tudo isso nos traz de novo à imperiosidade da prática formadora, de natureza eminentemente ética. E tudo isso nos traz de novo à radicalidade de esperança. Sei que as coisas podem até piorar, mas sei também que é possível intervir para melhorá-las.
Gosto de ser homem, de ser gente, porque não está dado como certo, inequívoco, irrevogável que sou ou serei decente, que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros, que não mentirei escondendo o seu valor porque a inveja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece. Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que meu "destino" não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade.
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Sem mais,

Gabriel.


5 comentários:

  1. o que eu aprendi!
    Cada um de nos já temos nossas caracteristica pessoais,um exemplo de uma professora timida, ela nunca sera de brincar ou ate mesmo dar alguma oportunidade para o aluno brincar com a mesma.O profesor trabalha com visâo de mundo,daqui alguns anos nao será o mesmo que hoje,o Professor é um ser inacabado.Nos seres humanos a partir do momento que é gerado ele depende para se alimentar, qndo nasce é outro processo , é alimentar-se,trocar uma fralda,um banho e etc..depois vem a parte do engatinhar,primeiros passos .O ser humano tem possibilidade de escolhas, e os animais nao tem!
    Carla Rios

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  2. Encaro as mudanças as vezes de forma assustadora,se pensarmos que até pouco tempo atrás a tecnologia era precaria ou nem existia em muitos lugares,que tinhamos que ir até uma biblioteca ler varios exempleres pera fazer um trabalho e hoje só com um clique esta feito em fraçao de segundos.
    como estamos sempre em constante mudança,o que me serve hoje,amanhã ja é velho,procuro estar sempre antenada as novas tecnologias,pois o mundo nos remete a isso ou seremos excluidos da nação.E isso é muito importante para o papel do professor,pois a ele nos cabe um grande poscentagem de nossas vidas,com ele aprendemos o que hoje somos intelectualmente.E o papel do professor é justamente isso estar sempre a frente para poder passar pros alunos de forma simples e resguardada,mas amparada na rapiez que o mundo gira e necessita.

    nome:michele araujo RA: 1221181

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  3. o que aprendi é que o ser humano é o único inacabado, todavia os recursos naturais são limitados desta forma o homem, sendo assim quanto mais culto o homem mais limitado ele fica uma criança demora meses para engatinhar já um cavalo ou outros animais devido sua irracionalidade são obrigados a sobreviver, o ser racional é extremamente dependente o que leva o mesmo a repetir os atos em sua volta, é claro que existem exceções a regra, porem o homem é fruto do meio em que vive o cotidiano em que ele é inserido ira moldar seu caráter modo de pensar e ser por esta razão somos inacabados, temos livre arbítrio e podemos ser o que quiser grande ou pequeno tudo depende do tamanho dos nossos sonhos pois o homem inacabado é do tamanha do seu sonho.

    Jaime da C. Junior

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  4. O que aprendi?
    A conclusão indubitável que tenho é a necessidade de aceitar a renovação, o diferente, a mudança. Tudo é inacabado e passível de mudanças. Uma interferência nas coisas para tentar melhorá-las, temos o direito e dever de melhorar. Ter consciência do que se aprende hoje, amanhã pode estar mais completo tudo evolui e tudo se transforma.
    Esse processo de evolução constante nos capacita a ir além sempre, independente de suas crenças e realidade cultural. Somos autônomos de tudo, e também de nós mesmos.

    Raphael Telini
    RA 1224646

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  5. Acredito que desde os primórdio ate hoje estamos em metamorfose,por sermos seres inacabados e inconcluso.Essa metamorfose é física cultural e moral...tudo muda o tempo todo por isso temos que acompanhar as mudanças e estar atualizado sempre.Estar aberto a tudo e todos principalmente a novas tecnologias,a vida está sempre em movimento de você estacionar ficará para trás,assim acontece com o professor que não consegue se adaptar as mudanças que o tempo tem trazido.
    lucimara baule monteiro ra 1223981 turma b letras

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