terça-feira, 13 de novembro de 2012

13/11/2012 - Prática de Ensino - CONSTRUTIVISMO E ALFABETIZAÇÃO

Prezados,

Abaixo post publicado com relação ao material trabalhado na aula de 13/11, a respeito da alfabetização sob a perspectiva construtivista.

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Seguem os links para os vídeos da Profa. Dra. Telma Weisz, sobre alfabetização:
Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=2wK9lw2cehI&feature=relmfu
Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=RzR-ga8ke9U&feature=relmfu

Abaixo, pequeno texto sobre alfabetização construtivista, publicado pela Profa. Glauce Rossi em seu blog, no endereço http://diariodaprofaglauce.blogspot.com.br/2008/02/alfabetizao-e-construtivismo.html
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Alfabetização e construtivismo

 

Para Emilia Ferreiro, o ato de ensinar desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado".


Na perspectiva dos trabalhos desenvolvidos por Ferreira, os conceitos de prontidão, imaturidade, habilidades motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados pelos professores. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos são importantes, mas, vinculados ao contexto da realidade sócio-cultural dos alunos.


Para a educadora, é necessário para o processo de aquisição da escrita que o professor compreenda os diferentes níveis em que os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização.
Ferreiro coloca que para a alfabetização ter sentido, ser um processo interativo, é preciso trabalhar com o contexto da criança, com histórias e com intervenções, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas.

Não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo. Ou seja, cabe ao professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende.

 
Definitivamente, não existe o "método Emília Ferreiro", com passos predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Os professores têm à disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças apontadas pela psicolinguista, produzida por educadores de vários países.
 

O fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo, mesmo sem saber fazer isso, é um desses princípios. Nas escolas construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de práticas sociais de leitura e de escrita.


É oportuno lembrar que o construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo se refere ao processo de aprendizagem, que coloca o sujeito da aprendizagem como alguém que conhece e que o conhecimento é algo que se constrói pela ação deste sujeito. Nesse processo de aprendizagem o ambiente também exerce seu papel, pois, o sujeito que conhece faz parte de um determinado ambiente cultural.
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Como terceira parte do post, abaixo envio a leitura de u mbom texto com 50 perguntas acerca do construtivismo, publicado originalmente pela revista Nova Escola no endereço http://www.ufpa.br/eduquim/construtquestoes.htm



50 questões básicas sobre


Construtivismo


Revista NOVA ESCOLA

Março de 1995




1 — O que é o construtivismo?


É o nome pelo qual se tomou conhecida uma nova linha pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula há pouco mais de uma década. As maiores autoridades do construtivismo, contudo, não costumam admitir que se trate de uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no caso da alfabetização, ainda requerem tempo para amadurecimento e sistematização.


2- Em que se distingue a pedagogia construtivista, em linhas gerais?



O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito, e utiliza de modo inovador técnicas tradicionais como, por exemplo, a memorização. Daí o termo "construtivismo", pelo qual se procura indicar que uma pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na construção do conhecimento que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. O construtivismo condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.


3 — Com base em que o construtivismo adota tais praticas?



Com base nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),. a maior autoridade do século sobre o processo de funcionamento da inteligência e de aquisição do conhecimento. Piaget demonstrou que a criança raciocina segundo estruturas lógicas próprias. que evoluem conforme faixas etárias definidas, e são diferentes da lógica madura do adulto. Por exemplo: se uma criança de 4 ou 5 anos transforma uma bolinha de massa em salsicha. ela conclui que a salsicha. por ser comprida, contém mais massa do que a bolinha. Não se trata de um erro, como se julgava antes de Piaget, mas de um raciocínio apropriado a essa faixa etária. O construtivismo procura desenvolver práticas pedagógicas sob medida para cada degrau de amadurecimento intelectual da criança.


4 — Piaget criou o construtivismo?



Nada mais falso. Ao contrário do que muitos imaginam, ele nunca se preocupou em formular uma pedagogia: dedicou a vida a investigar os processos da inteligência. Outros especialistas é que se valeram das suas descobertas para desenvolver propostas pedagógicas inovadoras.


5 — De onde vem, então, o construtivismo?



Quem adotou e tornou conhecida a expressão foi uma aluna e colaboradora de Piaget. a psicóloga Emilia Ferreiro. nascida na Argentina em 1936 e que atualmente mora no México. Partindo da teoria do mestre, ela pesquisou a fundo, e especificamente. o processo intelectual pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever, batizando de construtivismo sua própria teoria.


6 — Então é ela a autora da pedagogia construtivista?



Não. A exemplo de Piaget, Emilia se limitou a desenvolver uma teoria científica. Outros especialistas é que vêm utilizando suas descobertas, assim como as de Piaget. para formular novas propostas pedagógicas. No começo, o nome construtivismo se aplicava só à teoria de Emilia. Com o tempo, passaram a ser chamadas de construtivistas as novas propostas pedagógicas inspiradas em sua teoria, a própria teoria de Piaget e ate mesmo pedagogias anteriores, porem compatíveis, como a do educador soviético Lev Vvgotsky (1896-1934).


7 — O que a teoria de Emilia Ferreiro sustenta?



A pesquisadora aplicou a teoria mais geral de Piaget na investigação dos processos de aprendizado da leitura e da escrita entre crianças na faixa de 4 a 6 anos. Constatou que a criança aprende segundo sua própria lógica e segue essa lógica até mesmo quando ela se choca com a lógica do método de alfabetização. Em resumo, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria de Emilia abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica infantil.


8

Qual é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro?

A pesquisadora constatou uma sequência lógica básica na faixa de 4 a 6 anos. Na primeira fase, a pré-silábica. a criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e se agarra a uma letra mais simpática para "escrever". Por exemplo, pode escrever Marcelo como MMMMM ou AAAAAA. Na fase seguinte, a silábica, já interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma (para ela. MCO pode ser a grafia de Mar-ce-lo. em que M=mar, C=ce e 0=l0). Um degrau acima, já na fase silábico-alfabética, mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas propriamente ditas. Por fim, na última fase, a alfabética, passa a dominar plenamente o valor das letras e silabas.


9 — O construtivismo se aplica somente à alfabetização infantil?



Não. Ainda se encontra muito vinculado à alfabetização, porque foi por essa área que começou a ser desenvolvido, a partir da base teórica proporcionada por Emilia Ferreiro. Contudo, práticas construtivistas, devidamente adaptadas, já estão bastante difundidas até a quarta série do primeiro grau. A partir da quinta série, porém, quando cada disciplina passa a ser ministrada por um professor especializado, tais práticas são menos utilizadas, até pela relativa escassez ainda registrada de pesquisas teóricas equivalentes às de Emilia.


10 — Por que o construtivismo faz restrições à "prontidão" na alfabetização infantil?



Com base nas teorias de Piaget e Emilia Ferreiro, os construtivistas consideram inútil a prontidão, ou seja, o treinamento motor que habitualmente se aplica às crianças como preparação do aprendizado da escrita. Para eles, aprender a ler e escrever é algo mais amplo e complexo do que adquirir destreza com o lápis.


11 — O aluno formado pelo construtivismo fica bom de raciocínio, com mais senso crítico, porém mais fraco de conhecimentos?



Não é bem assim. Os construtivistas insistem em que, embora o construtivismo enfatize o processo de aprendizagem, este não ocorre desligado do conteúdo: simplesmente não há como formar um indivíduo crítico no vazio. Portanto, a aquisição de informações é fundamental.


12— Como o construtivismo transmite o conhecimento não passível de ser "construído" pelo aluno, como nomes de cidades ou de presidentes?



O construtivismo estimula a descoberta do conhecimento pelo aluno. Evita afogá-lo com informações prontas e acabadas, mas quando necessário não hesita em valer-se da memorização. Neste caso, a professora deve escolher o momento oportuno e criar situações interessantes para transmitir esses conhecimentos, fugindo assim da rigidez da prática tradicional.


13

O construtivismo requer mais atenção individual ao aluno do que outras linhas de ensino?

Sim, mas não com a obsessão que às vezes se imagina. Se o construtivismo admite que cada aluno tem o seu processo particular de aprendizagem, a professora deve conhecê-lo, acompanhá-lo e fazer as intervenções adequadas. Mas isso não quer dizer centralização total, ao contrário. O construtivismo valoriza muito o intercâmbio entre os alunos e o trabalho de grupo, em que a professora tem uma presença motivadora e menos impositiva.


14

Como a professora pode dar atenção individualizada em classes de 30 ou 40 alunos?

O ideal é que as classes não sejam tão numerosas. Mas, de qualquer modo, vale a alternativa de trabalhar com duplas ou trios, agrupando as crianças por habilidades parecidas ou opostas, a critério da professora. No construtivismo, a professora aproveita a individualidade de cada aluno para o enriquecimento do grupo.


15

Por que o construtivismo contesta o ensino dirigido?

Não é bem isso. O construtivismo considera a sistematização do ensino necessária, mas aplicada com bom senso e flexibilidade. Contesta, sim, que o currículo seja uma imposição unilateral, uma camisa-de-força, com etapas rígidas, sucessivas e inalteráveis. Não se aprende por pedacinhos, mas por mergulhos em conjuntos de problemas que envolvem vários conceitos ao mesmo tempo, afirmam os construtivistas.


16 — Por que a alfabetização construtivista rejeita o uso da cartilha?



Primeiro, porque a cartilha prevê etapas rígidas de aprendizagem, coisa que o construtivismo descarta. Segundo. porque os construtivistas acham que a linguagem geralmente usada nas cartilhas ("Bá-bé-bi". "Ivo viu a uva" etc.) é padronizada, artificial, distante do mundo conhecido pela criança.


17— Por que o construtivismo faz restrições aos livros didáticos?



Pelo fato de a maioria deles apresentar o conhecimento em sequência rígida, prevendo uma aprendizagem de conceitos baseada na memorização.


18— E ao ensino da tabuada?



O caso é diferente. A memorização é essencial para agilizar o cálculo mental, mas isso deve ocorrer após o aluno compreender o significado das operações aritméticas, como a multiplicação. O que os construtivistas não aceitam é a memorização puramente mecânica. conhecida como "decoreba".


19— E a restrição ao ensino de regras gramaticais?



O construtivismo contesta que o ensino da gramática seja o meio para se levar o aluno a entender e dominar o processo de escrever corretamente. Isso se adquire praticando a escrita, mesmo com erros gramaticais. A medida que o aluno vai dominando a escrita é que se passa a ensinar-lhe a gramática. As regras identificam certas regularidades da língua, mas para entendê-las é preciso tê-las percebido na prática.


20 — Por que o construtivismo, em geral, não aceita o uso de fórmulas, como as de matemática e as de sintaxe?



Não é que não aceite. A restrição é ao ensino de fórmulas como se fossem os conteúdos, pois elas não passam de esquemas sintéticos muito mais abstratos. A fórmula, em si mesma, não é o núcleo do conhecimento, mas aquilo que o sustenta.


21 — Qual é o papel da professora no construtivismo e em que difere do ensino tradicional?



Em vez de dar a matéria, numa aula meramente expositiva, a professora organiza o trabalho didático-pedagógico de modo que o aluno seja o co-piloto de sua própria aprendizagem. A professora fica na posição de mediadora ou facilitadora desse processo.


22 — O que é necessário para ser uma boa professora construtivista?



Mentalidade aberta, atitude investigativa. desprendimento intelectual, senso crítico, sensibilidade às mudanças do mundo combinada com iniciativa para torná-las significativas aos olhos dos alunos e flexibilidade para aceitar a si mesma em processo de mudança contínua. Ela precisa dar mais de si e precisa estar o tempo todo se renovando, para sustentar uma relação com os alunos que não se baseia na autoridade. mas na qualidade.


23 — A professora construtivista precisa de uma orientadora pedagógica?



Sim. A orientadora é importante, não para tutelar a professora, mas para servir de interlocutora com quem ela possa refletir sobre sua prática.


24 — É possível ser construtivista em uma escola tradicional?



Em geral, o projeto pedagógico de uma escola tradicional não favorece nem leva em conta o trabalho de uma professora que resolva tocar em outro tom. Embora seja difícil manter uma proposta individual num ambiente alheio a mudanças, há muitos casos assim. Além disso, deve-se considerar o fato de que é difícil uma escola passar a ser construtivista num só golpe. Isso ocorre de maneira paulatina, até porque o construtivismo, do mesmo modo que respeita os processos de transformação por que passam os alunos, também deve respeitar o das próprias professoras.

25 — Existem manuais que ensinem a ser construtivista?

Manuais, com tudo mastigado, não. Mas não falta material de apoio para que a professora comece a olhar seu trabalho de outro modo (leia bibliografia ao final deste texto). O fundamental, de qualquer maneira. é a prática. Calcula-se que são necessários ao menos dois anos de prática em classe, reforçados por reuniões semanais com outros colegas, para tornar-se uma boa professora construtivista.


26— Existem cursos que ensinem a ser construtivlsta?



Algumas instituições promovem cursos de extensão ou especialização, seminários, palestras e reuniões de estudo com essa finalidade. Mas atenção: nesses cursos não se ensina a ser construtivista. Neles se discute a prática da professora, de modo que ela ganhe elementos para encontrar seu próprio caminho, mais ou menos como depois irá fazer em relação ao aluno.


27 — Quais as vantagens do construtivismo sobre outras linhas de ensino?



Procura formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e cooperativo, com mais desembaraço na elaboração do próprio conhecimento. Além disso, o Construtivismo cria condições para um contato mais intenso e prazeroso com o universo da leitura e da escrita.


28 — Quais as desvantagens do construtivismo em relação a outras linhas de ensino?



Sendo uma concepção pedagógica nova e flexível, não oferece à professora instrumentos tão seguros e precisos com respeito ao seu trabalho diário. Ainda há muito por sistematizar, admitem os construtivistas.


29

As outras linhas de ensino não podem formar alunos tão bem ou mesmo melhor que o construtivismo?

Em termos de quantidade de conhecimento, sim. Quanto à qualidade do conhecimento, dificilmente, pois o construtivismo desperta no aluno um senso de autonomia e participação que não é comum em outras linhas pedagógicas, sustentam os construtivistas.


30 — O construtivismo forma o estudante com mais ou menos rapidez que outras linhas de ensino?



O construtivismo não dá exagerada importância a prazos rígidos. Na alfabetização construtivista, estima-se que um aluno do meio rural, que nunca viu nada escrito, precisa de dois a três anos para chegar a ler e escrever com eficiência. Já no meio urbano, um aluno de 7 anos, que convive intensamente com a escrita, leva algo em tomo de um ano e meio. Comparativamente, no ensino convencional, a maioria das crianças é capaz de soletrar e formar palavras em um ano - o que os construtivistas, contudo, não consideram alfabetização.


31 — Como a escola construtivista lida com a ansiedade de pais que percebem seus filhos atrasados em relação a crianças de outras escolas?



Aproximando os pais da escola, tenta-se demonstrar a eles quais as diferenças desta nova concepção de trabalho, comparando-a com o ensino tradicional. Pode não se tratar propriamente de um atraso, no sentido de deficiência no aproveitamento, mas de um outro ritmo de aprendizado que, ao final do ano, vai resultar numa vantagem qualitativa.


32-Um aluno formado exclusivamente dentro dos moldes construtivistas pode competir em igualdade de condições em vestibulares e concursos públicos?



A resposta é arriscada, pois ainda há muito poucos alunos formados exclusivamente pelo construtivismo em idade de vestibular e não há pesquisas conhecidas a respeito.


33 — O construtivismo permite que os pais ajudem os filhos nas tarefas de casa?



Ponto polêmico. Alguns admitem que sim: se o jeito de ensinar dos pais for diferente do da escola, a criança tem a vantagem de dispor de outra forma de aprender. Outros, contudo, sustentam que a tarefa de casa é para ser realizada pelo aluno. A vantagem, aí, seria ele ter chance de experimentar uma situação rara para ele na escola, uma vez que a maioria das atividades em classe é realizada em grupo.


34 — Como é a avaliação do aluno no construtivismo?



O aluno é permanentemente acompanhado, pois a avaliação é entendida como um processo contínuo, diferente do sistema de provas periódicas do ensino convencional. Segundo os construtivistas, a avaliação tem caráter de diagnóstico - e não de punição, de certo ou errado, de exclusão. Além disso, a própria professora também se auto-avalia e modifica seus rumos.


35 — Em que difere a prova construtivista?



Ela tem peso menor que no ensino tradicional. Não é o único indicador do rendimento do aluno, que também é avaliado pelo desempenho rotineiro em classe. Além do mais, a prova não é uma peça estranha ao grupo, elaborada fora da sala de aula, por um especialista (geralmente um coordenador). Tal responsabilidade cabe à própria professora, que leva em conta aquilo que já foi efetivamente trabalhado na sala de aula.


36—O que significa o erro do aluno?



É tomado como um valioso indicador dos caminhos percorridos por ele para chegar até ali. A professora não está tão preocupada com o acerto da resposta apresentada pelo aluno, mas sobretudo com o caminho usado para chegar a ela. Em vez de ser um mero tropeço, o erro passa a ter um caráter construtivo, isto é, serve como propulsor para se buscar a conclusão correta.


37

O construtivismo não corrige o erro do aluno?

Corrige, mas sempre tomando o cuidado de que a correção se transforme numa situação de aprendizagem, e não de censura. Por exemplo, no início do ano a professora pede aos alunos que escrevam um texto e guardem o material corrigido. No fim do ano, pede uma nova redação sobre o mesmo tema. Então, junto com os alunos. compara os dois trabalhos, ressaltando os progressos ocorridos. No ensino tradicional, o erro deixa menos vestígios no caderno do aluno, pois é corrigido, apagado, à medida que aparece.


38—O construtivismo reprova?



Sim, quando o aluno se encontra em tal atraso em relação ao resto da turma, que fazê-lo passar de ano seria lançá-lo numa situação muito desagradável. De qualquer modo, tenta-se evitar que a criança viva a reprovação como um atestado de sua incapacidade ou como castigo por não ter aprendido.


39

Os alunos transferidos de uma escola construtivista para outra, não-construtivista, acompanham mal a nova turma?

Os construtivistas não reconhecem a existência deste fenômeno, mas especulam que poderia tratar-se de uma pura e simples questão de adaptação, e não de despreparo. Os alunos podem achar a nova escola desinteressante, não gostar da postura da professora ou estranhar os métodos de avaliação.


40

O aluno educado no construtivismo é mais sujeito a cometer erros do português?

No inicio do construtivismo isso ocorria com freqüência. porque os professores se preocupavam mais com o conteúdo do texto do que com a ortografia - falha que passaram a corrigir nos últimos cinco anos.


41 — Por falta do treinamento motor (prontidão), as crianças alfabetizadas no construtivismo acabam fracas de caligrafia?



O construtivismo sustenta que não, pois o treinamento delas se faz à medida que vão escrevendo. Algumas escolas chegam ainda a lançar mão do velho caderno de caligrafia, como no ensino tradicional, quando a criança tem letra ruim.


42

O construtivismo desestimula a competição entre os alunos?

Sim, pois uma de suas linhas mestras repousa justamente na cooperação entre eles. No entanto, mesmo pondo de lado a competição, o construtivismo investe no desafio pessoal, como motivação para a criança ir sempre avante nas trilhas do conhecimento


43

A sala de aula numa escola construtivista é mais barulhenta e agitada do que na tradiconal?

Em termos. O que ocorre é que as crianças não são passivas. mas sim estimuladas a participar, dizem os construtivistas


44 — As crianças não tendem a ficar indisciplinadas, malcriadas e incapazes de ouvir o outro, em consequência de uma educação construtivista?



Caso elas tendam à indisciplina e ao desrespeito a outra pessoa, seja colega ou professor, terá falhado um dos pilares do construtivismo, argumentam seus praticantes, pois o que se enfatiza é justamente a reciprocidade na fixação de regras, no escutar e no ouvir, nos direitos e deveres, nos princípios básicos da cidadania e da democracia.


45 — O professor construtivista deixa os alunos fazerem o que bem entendem em classe?



Não. A sala de aula é um espaço com regras de funcionamento e de convivência. O superliberalismo pedagógico destoa das concepções do construtivismo.


46 — O construtivismo pune alunos indisciplinados?



Sim, porém o caráter dessa punição, dentro do possível, deve ser, digamos, "construtivo" - deve buscar a reciprocidade e a reparação. Por exemplo, se uma criança rasga um livro, deve consertá-lo. De todo modo. em casos mais graves, admite-se até a tradicional suspensão.


47

Como o construtivismo se espalhou?

As bases teóricas foram estruturadas na primeira metade deste século, com Piaget e os psicólogos soviéticos, entre os quais Lev Vygotsky é o mais divulgado no Brasil. As pontes para a prática pedagógica se consolidaram com Emilia Ferreiro e seus colaboradores, a partir do final da década de 1970. Na década seguinte, o construtivismo se disseminou na América Latina, principalmente na Argentina e no Brasil. As experiências brasileiras mais expressivas foram registradas nas redes municipais de Porto Alegre e de São Paulo, assim como no ciclo básico (as duas primeiras séries) da rede estadual paulista.


48 — O construtivismo passou por mudanças desde que começou a ser adotado no Brasil?



Sim. A fase inicial, em que o aluno era deixado muito solto, como se a professora não estivesse na sala de aula (prática espontaneísta). está superada. Hoje se quer do professor uma atuação firme e planejada (prática intervencionista). No geral, contudo, o núcleo pedagógico do construtivismo permanece inalterado.


49 — A interdisciplinaridade tem alguma relação com o construtivismo?



Sim, embora a interdisciplinaridade seja uma prática pedagógica autônoma e anterior ao construtivismo. Como nenhum professor, por mais ampla que seja a sua formação, pode dominar todos os conhecimentos envolvidos na tarefa de lecionar, o trabalho interdisciplinar é recomendado para todo e qualquer nível.


50— É feio não ser construtivista?



Não, absolutamente. Feio é não ser autêntica e não se preocupar em dar o melhor aos alunos, seja de si mesma. seja das múltiplas áreas do conhecimento. Feio, enfim, é ser má professora.


BIBLIOGRAFIA


Psicogênese da língua Escrita,

de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av. Jerônimo Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051) 330-3444/330-2183


A Escrita e a Escola,

de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.

Alfabetização em Processo,

de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. SP. Tel: (011) 864-0111.


Ensaios Construtivistas,

de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.


Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais,

de Ana Teberosky. Ed. Ática. R. Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
 
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Sem mais,
 
Gabriel.
 

15 comentários:

  1. Professor essas perguntas estão no blog da minha chara,Tatiana Sibovitz rsrs.
    A alfabetização no construtivismo deve ser galgada passo a passo e cada erro deve ser considerado como degraus para a construção da aprendizagem.Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito e utiliza de modo inovador técnicas
    tradicionais como por exemplo, a memorização. Daí o termo construtivismo.By:Tatiane Silva

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  2. o papel didatico do professor a educaçao como sendo um sistema progressivo e sucessivo tem a necessidade de varios recursos para uma melhora continua.O diario do professor é uma destas ferramentas;nao concentrando apenas em registros,reflexos,alteraçoes....É seu amigo oculto onde o educador tem condiçoes de rever,concertar,aprender,verificar e se certificar dos avanços dos alunos e de si proprio.Este documento é de ordem pessoal com relatos,ocorrencias de terceiros o que deveser respeitado e nao usado como arma ou exterminio dos educandos.Isto nos ajuda a nos questionarmos diarios melhorando a cadadia me remetendo ideia de organizaçai e paciencia. silvana

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  3. construtivismo nos traz a idéia de uma educaçao ideal;onde o conhecimento é construido apartir do alicerce trazido pela base que o educando apresenta e o educador começa a grande construçao do aprendizado.Respeitando o meios social,economico,regional...entendendo apenas que o educando antes de tudo e um ¨ser¨.Estimulando a troca de conhecimentos de forma espôntanea e nuncade induzida.o professor deve ter domínio da disciplina para poder explorar este aluno ao ¨maximo¨de sua totalidade; colocando-se como participante da aula onde acaba aprendendo quando proponhe-se a ensinar.Aprendi que o ideal esta infelismente muito longe de nossa realidade a base essencial esta muito danificado tornando tão deficiente nossa realidade.Ao tranferir em minha é mais uma afirmativa de que sempre tentaremos conquistar o ideal. silvana

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  4. sintgma x paradgma.A linguagem é baseada na igualdade comportamental entre os seres de uma classe.Baseada sobre dois eixos na vertical e horizontal.No eixo vertical apresenta como meu banco de dados que me proporciona realizar a escolha da minha proxima unidade de palavra elemento que poderei usar numa determinada combinaçao(meu pensamento). o eixo horizontal é responsavél por esta combinaçao de signos recebidos pelo meu eixo vertical possibilitando a construçaoda minha fala num discurso infinito.O eixo vertical é o paradgma que é enviado ao eixo horizontal a sintagma a construçao daminha frase .Silvana

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  5. A dupla articulaçao .Apresenta as diferenças entre os níveis linguísticos tal diferença acontece em duas unidades sequencial onde uma depende da outra.NIVÉL INFERIOR segunda articulaçao da linguagem nao significantes e diferentes fonemas que depende de analise fonologica.NIVÉL SUPERIOR primeira articulaçao com chamadas de morfemas que estrutura as frases.Nesta articulaçao a economia de linguagem é nossa maior evidencia.A pronuncia acontece deforma diferente daescrita.Essa diferença é a união das possibilidades de comunicaçao usandos nossas unidade menor fonem(SOM)para a construçao dos morfemas.aprendi que entre esses dois niveis as diferenças vão se apresentando a nos como que tirando as vendasdo nossos olhos e ouvidos.SILVANA

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  6. A maior mudança foi que se passou a tomar o TEXTO como objeto central
    do ensino, isto é, a priorizar, nas aulas de língua portuguesa, as atividades de leitura e
    produção de textos, levando o aluno a refletir sobre o funcionamento da língua nas
    diversas situações de interação verbal, sobre o uso dos recursos que a língua lhes oferece
    para a concretização de suas propostas de sentido, bem como sobre a adequação dos
    textos a cada situação.
    Carla Rios Ra 1222253

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  7. O construtivismo valoriza as ações do sujeito, ou seja parte do principio que o cada individuo desenvolve seu próprio método de apendizado,produz o o conhecimento, como vimos no exemplo que algumas crianças em fase de alfabetização aprendem segundo a sua própria logica,alguma delas ao escrever o que é pedido representa apenas as consoantes de cada palavra,mas na hora de ler consegue visualiar as silabas.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. A proposta do Construtivismo é que cada aluno seja participante de seu aprendizado,isso ocorrerá a partir do momento que estimula-se a dúvida,mostra ao mesmo experimentos reais para a construção de seu aprendizado,assim permite ao aluno a aquisição do conhecimento.
    Para que tudo isso ocorra é necessário que nós profissionais da educação,mesmo que ainda em processo de formação,começamos a nos remeter a realidade de nossas escolas,e de nossas crianças,aprender que ensinar substitui o decorar.Saber que não formamos pessoas através do processo tipo jogo de memória e sim formamos pessoas capazes de raciocinar,nos quais são participativos,cooperativos e atuantes ativos em nossa sociedade.
    Talvez quando existir essa compreensão modificaremos tantas injustiças e sofrimentos no mundo,porque a educação é o primeiro passa para a transformação de uma sociedade justa e transparente,sem medos e desigualdades.

    Geyza Cecilia Campos - RA 1225368

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  10. Como passar o conhecimento sem que,antes tenha sido adquirido?
    É preciso primeiramente se educar e por consequência passar esse aprendizado adiante.
    Ensinar é muito mais do que uma transferência de conhecimentos. É mostrar caminhos para que o educando busque-o por si próprio, que se sinta motivado para ir em busca desse conhecimento.
    Somente os humanos tem condição de ensinar, até pela consciência que temos de sermos inacabados.
    Quem passa adiante esses conhecimentos, precisa estar em constante mudanças, assim é possível fazer mudanças ao nosso favor. Sempre para melhor, pois houve uma tentativa de fazer algo que contribui para essa mudança.

    Aluna:Edilani Rafaela Tavolaro - RA: 1224293

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  11. Melissa Vasconcelos RA: 1224309

    De acordo com as noções construtivistas criadas através varias de teorias como a de Piaget, o professor deve ensinar o aluno de forma que ele obtenha novos conhecimentos a partir do conhecimento que o aluno já tenha, incentivando-o para que ele consiga desenvolver sua aprendizagem, fazendo que o raciocínio do aluno se desenvolva, usando técnicas novas para que o aluno consiga absorver tudo aquilo que lhe foi ensinado assim construindo um conhecimento, de forma que o aluno aprenda com os erros cometidos permitindo que ele consiga resolver problemas e outras dificuldades com as falhas anteriores.

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  12. Odete Araujo Santos
    Ra-1222518
    Observar o aluno, investigar quais são os seus conhecimentos prévios, seus interesses e, a partir dessa bagagem, procurar apresentar diversos elementos para que o aluno construa seu conhecimento. O professor cria situações para que o aluno chegue ao conhecimento.

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  13. Pra mim o construtivismo está baseado na interação entre o ser inacabado (no caso o estudante) e todo o conteúdo ou conhecimento do professor. Este usará tecnicas e formas de fazer com que este aluno se desenvolva no meio do caminho, apontando os erros para que este os concerte e consiga aumentar mais seu muro de conhecimento.

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  14. Construtivismo é o nome pelo qual se tornou uma nova linha pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula há pouco mais de uma década. As maiores autoridades do construtivismo, contudo, não costumam admitir que se trate de uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no caso da alfabetização, ainda requerem tempo para o amadurecimento e sistematização.
    O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos

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